21 de jul. de 2008

Colunista se assusta com fenômeno "Pantanal"

Quando foi exibida, em 1990, a novela Pantanal provocou muito burburinho. Se não me engano, foi e é a maior audiência já conquistada por uma trama não global: alcançou picos de 40 pontos. Realmente um fenômeno! E que se repete agora. Não com os mesmos índices, é claro. Mas os 14 pontos que a produção da extinta Rede Manchete vem arrebatando no SBT também são fenomenais, principalmente, porque é a quarta vez que ela é exibida. A primeira foi entre 27/03 a 10/12 de 1990, a reprise veio logo em seguida, de 17/06/1991 a 18/01/1992, e depois foi reapresentada de 26/10/1998 a 14/07/1999.

Na época, até entendia (mas não suportava) esse sucesso, afinal, as tramas do horário nobre da Globo eram gravadas em estúdio, com poucas cenas ao ar livre e normalmente urbanas. Benedito Ruy Barbosa (o autor) e Jayme Monjardim (diretor) inovaram com seqüências realizadas quase que totalmente em externas, valorizando aquele cenário deslumbrante do Pantanal, que explodia na retina do espectador. A trilha sonora linda de Marcus Vianna e muitos personagens mágicos, típicos do folclore nacional, mas desconhecidos de grande parte da população, também ajudaram nessa empreitada. O elenco também se dedicou de corpo e alma e criou tipos inesquecíveis, como o Velho do Rio (Cláudio Marzo), Juma Marruá (Cristiana Oliveira) e Maria Bruaca (Ângela Leal). Muitos atores se revelaram em Pantanal. Alguns emplacaram: Carolina Ferraz, Marcos Winter, a já citada Cristiana Oliveira, Marcos Palmeira, Ângelo Antônio e Paulo Gorgulho. Outros, tiveram pouco mais de 15 minutos de fama: Ingra Liberato, Luciene Adami, Giovanna Gold e Andréa Richa.

Mas, na boa, galera! Entre imagens bonitas, um elenco jovem fazendo sexo na beira do rio, atores veteranos dedicados, sobrava pouquíssimo. A história era chata de doer. E nada acontecia. Fiz uma reportagem certa vez sobre alguns disparates da novela e contei (durante uma semana de exibição) que o pássaro Tuiuiu pousou nada menos que 32 vezes sobre um tronco de árvore. Que tédio!

Como fez sucesso, Pantanal teve 216 capítulos e a história foi tão esticada que virou um samba-do-pantaneiro-doido.

Por isso é que levanto a reflexão: Como explicar o novo sucesso do fenômeno Pantanal? Tal e qual a Esfinge egípcia que avisava, "decifra-me ou te devoro", fui devorado. Mastigado! Triturado! Digerido! Não consigo entender o que faz as pessoas continuarem assistindo e gostando de algo velho e ultrapassado como Pantanal. Eu, tô fora!

FONTE: REVISTA CONTIGO - COLUNA JORGE BRASIL

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