No dia 5 de junho de 2006, às 19h, o SBT lançava a sua grande aposta para barrar a audiência da emissora concorrente, a novela Cristal. Baseada no original de Delia Fiallo, O Privilégio de Amar, adaptada por Anamaria Nunes e direção de Herval Hossano e David Grinberd. O folhetim narrava a história da jovem Cristina, vivida por Bianca Castanho. A moça é abandonada pela mãe e cresce num orfanato comandado por freiras. Quando cresce, consegue um emprego de recepcionista num banco e é chamada para ser manequim num ateliê de moda. Lá adota o nome de Cristal e ganha prestígio na profissão. É também na Maison Vitória que a moça se apaixona por João Pedro, vivido por Dado Dolabella. O rapaz é enteado de sua patroa, Vitória, interpretada por Bete Coelho. Coincidentemente, Vitória é a mãe que Cristal nem sabia que estava viva - ela pensava ser órfã.
João Pedro também se interessa por Cristal, e por isso a heroína ganha uma nova inimiga: a noiva do garoto, Marión, interpretada por Marisol Ribeiro. Formado o triângulo, muitas histórias sucederam até chegar o inexorável final feliz.
“Cristal”, sem dúvidas, foi a novela de melhor imagem do SBT e também, a primeira a ser gravada com câmeras de alta-definição. Além disso, a cidade cenográfica, saiu-se de um patamar de custo de cidade cenográfica de R$ 1,6 milhão para R$ 3 milhões . O “upgrade” foi tamanho que o SBT teve de recorrer a serviços de uma empreiteira para poder finalizar toda a chamada “caixa cênica”. Entre pessoal de operações, produção e apoio foram envolvidos 200 profissionais. Herval Rossano, que ocupava também a direção geral de teledramaturgia do SBT, destacava que teve carta branca para ampliar toda a estrutura de produção nesta área – o que inclui pessoal especializado, parque técnico, enfim... Como a trama de "Cristal" era uma história contemporânea, que envolvia moda e afins, o SBT levou ao mercado anunciante o plano comercial da novela, que também incluía merchandising.
A intenção do SBT foi abrasileirar ao máximo o remake mexicano, mas sem fugir da proposta original, porque também havia a pressão da Televisa. “Cristal” tinha um gancho incrível, capítulos bem costurados e um suspense quando acabava a parte da cena para chamar o comercial: a câmara focava o personagem, aumentava o zoom e congelava por alguns segundos.
A novela estreou com uma audiência razoável, na faixa dos 9 pontos, mas, em poucos dias caiu para 7. O horário não ajudava e concorria com os últimos capítulos de Prova de amor, que beirava os 20 pontos. Faltou estratégia por parte do SBT, pois o público estava acostumado a ver suas novelas às 20h30. Não deu outra: meses depois “Cristal” foi transferida para as 20h. A pontuação aumentou, mas, mesmo assim, não estava no patamar desejado pela emissora. Com a mudança de horário, “Cristal” era interrompida pelo horário político gratuito, o que prejudicava mais ainda a situação da trama.
Várias críticas surgiram a respeito do mocinho, Dado Dolabella. Ele chegava atrasado nas gravações, não decorava o texto e acrescentava várias gírias nas suas falas. A mídia, então, não sabia apontar os pontos positivos da novela e julgava minuciosamente as interpretações do ator. “Cristal” tinha ótimas interpretações com destaque para Bete Coelho, que interpretava Vitória Ascânio intensamente. Várias cenas foram marcantes para os telespectadores de “Cristal”, como as brigas de Cristina e Vitória, quando Vitória revelou à Cristina que era a sua mãe e quando esta a aceita como tal. Eliana Guttman mais uma vez provou que é uma grande atriz no papel da rancorosa Luísa, mulher religiosa e defensora dos valores morais, que obrigou seu filho, Ângelo, a se tornar padre. A vilã Marión, Marisol Ribeiro, também interpretou muito bem o papel de menina mimada que não aceitava perder o João Pedro. Cristina, Bianca Castanho, depois de protagonizar a Clara em “Canavial de Paixões” e a Esmeralda em “Esmeralda”, estava mais segura diante as câmaras. Seus olhos brilhavam e a interpretação da personagem era convincente. Na pele da espevitada Inocência, Bárbara Paz comandava o humor da trama e também fez bem o seu papel.
“Cristal” como toda novela teve seus erros e acertos. Porém, o SBT não estava satisfeito com os índices de audiência da novela e não pôde ir até os 203 capítulos previstos. Parou nos 124. A novela tinha tudo pra dar certo, foi bem adaptada, moderna, escalação do elenco razoável e uma boa trilha sonora. É uma ótima candidata para uma reprise que, assim como Pérola Negra, poderia conseguir índices maiores na sua reprise. Foi uma trama que deixou saudades.
2 comentários:
Eu adorava a abertura. Tinha um ar bem moderno.
tbm adorava essa novela! em 2OO9 'CRISTAL! sObE eSSa AuDiEnCiA sILVIO SANTOS!!
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